20 de março de 2013

sem saída


ele não se sacia
pede que a chuva
precipite-se em tempestade

na manhã úmida
e quente
as ondas
devoram
o mar
os portos 
as cidades
toda água se agita

sua sede não passa
e ele não se sacia
quer mais vinho
e furacão
manda
correntes oceânicas
açoitar a praia
espalhar areia
seixos
sonhos
lixos
conchas

todo terror
tem um apreço

é maravilhoso
o princípio
do fim

19 de março de 2013

revelações


tenho medo
de tocar com a ponta dos dedos
sua ferida
receio de encontrar a saída
paixão de hermes
na pele envelhecida
temo
ser primitivo que sou
assustar os deuses
revelar-lhes as sombras
oh! lua desta noite
me afasta do pecado
dos teus olhos
e que em meu pensamento
sua imagem apague
qualquer dúvida
tenho medo
de tocar com a ponta dos dedos
minhas feridas
sexo aberto em flores
murchas
túrgidas
entumecidas
temo por ti
e fujo
para longe
fecho meus olhos pra ver
o que o destino
esconde


18 de março de 2013

casa de ferreiro





atire a primeira pedra
quem tem parede de barro
aquele que com ferro fere
é o mesmo que ficou ferido
confere a eros a flechada
nesse corpo
sem sentido
artêmis perséfane
gaia
e seu perfume
de narciso
atire a primeira pedra
nesse telhado de vidro


8 de março de 2013

antes tarde


mercúrio está retrógrado
e tudo o que era antes
fica indefinido
mercúrio está retrógrado
e a sua decisão
já não faz sentido
mercúrio está retrógrado
o que era dito
já virou não dito
mercúrio está retrógrado
e isso está escrito

mercúrio está retrógrado
do ponto de retorno
ao ponto de partida
mercúrio está retrógrado
para aquelas relações
estabelecidas
mercúrio está retrógrado
e a velha sensação
de que não há saída

mercúrio está retrógrado
e prazo final 
foi interrompido
mercúrio está retrógrado
e nosso passado
fica revolvido
mercúrio está retrógrado
tudo que me dizem
eu não acredito
mercúrio está retrógrado
vamos combinar
é definitivo

fica entendido

os vasos de flores
nas floreiras
tem as prerrogativas do sol

primavera no norte
as petúnias também florescem
no caos